Finanças Sustentáveis, por Gustavo Pimentel

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Tuesday, May 22, 2007

Al Gore: "Vontade política para solucionar crise climática é um recurso renovável"

Publicação: Eco-Finanças (14/05/2007)
http://www.eco-financas.org.br


Uma Verdade Inconveniente foi apresentada pelo ex-vice presidente americano Al Gore, atualmente uma espécie de paladino global das mudanças climáticas, para uma seleta platéia de 800 convidados do Banco Itaú, no último sábado, em São Paulo. A palestra, homônima ao livro e documentário ganhador de um Oscar, foi assistida pelo vice presidente da República José Alencar, o ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso, o presidente da Câmara dos Deputados Arlindo Chinaglia, governadores, prefeitos, secretários, deputados e lideranças dos setores empresarial, financeiro, cultural, social e ambiental.

Em meio a uma infinidade de fotos e gráficos retirados de estudos de renomados cientistas, Gore mostra como a temperatura global vem subindo nas últimas décadas em decorrência da atividade humana, principalmente pela forte emissão de gases causadores do efeito estufa (GEE), representados pelo carbono, que se tornou uma unidade de conta da poluição. Há um consenso no mundo científico de que o homem é o principal causador da mudança climática, consenso este tão forte "que só pode ser comparado ao que existe sobre a segunda Lei de Newton (termodinâmica)" disse Gore, citando Mark Twain. Apesar disso, afirmou, metade da mídia norte-americana tem colocado em xeque a influência do homem sobre as mudanças climáticas, simplesmente na base do "achismo", confundindo a opinião pública.

Gore também acusa duramente o governo Bush de tentar manipular a opinião pública sobre o assunto, citando o escândalo em torno da atuação de Phillip Cooney na EPA - Agência de Proteção Ambiental norte-americana. Cooney era um lobista do API - Instituto do Petróleo Americano, encarregado de disseminar falsas informações sobre o aquecimento global. Foi contratado em 2001 para o gabinete de meio ambiente da Casa Branca para revisar e censurar as avaliações sobre as mudanças climáticas realizadas pela EPA e outros órgãos federais. Porém, um de seus memorandos vazou para o The New York Times e sua manutenção no cargo se tornou insustentável. Imediatamente após a demissão, em junho de 2005, foi trabalhar na Exxon Mobil, maior empresa de petróleo do mundo.

Uma vez que o problema seja assumido como de toda a humanidade, a solução passa a ser conjunta também. Gore enfatizou a necessidade de utilizar novas tecnologias de forma inteligente, mas principalmente mudar comportamentos. O falso dilemma do desenvolvimento econômico X sustentabilidade planetária deve ser superado. Segundo o presidente da General Eletric, Jeffrey Immelt, "vamos ajudar a preservar o meio-ambiente e ganhar muito dinheiro com isso". Para Gore, a humanidade já possui a inteligência e tecnologia para lidar com a mudança climática. Esse poder de superação foi demonstrado no problema do buraco da camada de ozônio, onde vários países liderados pelos EUA se comprometeram a reduzir drasticamente a emissão de CFC, o principal gás causador da crise, baseados no Protocolo de Montreal. Hoje, estudos científicos mostram que o buraco está estabilizado e em processo de declínio.

Gore termina a palestra citando outros exemplos de sucesso no combate ao aquecimento global, como os biocombustíveis e o mercado de crédito de carbono. Segundo ele, a solução total do problema talvez careça apenas de vontade política, que seria uma energia renovável.

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